O professor Jorge, diretor do Laboratório de Imunologia do Incor (Instituto do Coração) da Faculdade de Medicina da USP, fala que o processo de desenvolvimento da vacina se dá a partir da criação de uma partícula semelhante ao coronavírus, o VLP (virus-like particle, em inglês), que, na verdade, é como se fosse um vírus oco, sem o material genético e, portanto, sem a transmissibilidade da doença, o que torna seguro usar em vacinas.
"Colocamos as partes do coronavírus que são importantes para desencadear uma forte resposta do sistema imunológico, para emitir os anticorpos bloqueadores e impedir o vírus de penetrar nas células".
A vacina em desenvolvimento no Brasil difere da que já está sendo testada nos Estados Unidos. Lá, é utilizada a tecnologia mRNA, que insere na vacina uma partícula sintética do RNA mensageiro do vírus e, então, é injetada no organismo humano e instruída a produzir proteínas que possam ser reconhecidas pelo sistema imunológico
De acordo com o professor, diferente das mRNA, as vacinas com VLP já possuem histórico de uso, como no papiloma vírus —o HPV. As respostas tendem a ser mais robustas, enquanto a utilização da mRNA gera respostas mais tímidas
O professor explica que a parte importante do vírus, a que penetra na célula e que é utilizada para a criação do VLP, são as coronas, ou espículas, que ficam na parte exterior do vírus.
"No laboratório, a gente consegue sintetizar essa parte da proteína in vitro. A gente inclui esse peptídeo na partícula viral. São várias proteínas que sintetizamos e forma uma partícula, que colocamos junto a um pedaço do coronavírus que a gente escolheu"
Jorge comenta ainda que o desenvolvimento da vacina para o novo coronavírus no Brasil se deu rapidamente devido a estudos prévios sobre outro tipo de coronavírus, anterior ao causador da covid-19.
"Quando apareceu esse novo coronavírus, imediatamente usamos os sistemas que já estávamos trabalhando. Por isso, precisamos ter pesquisa em andamento e pessoas afinadas e ligadas nas coisas, porque, quando surge uma emergência como essa, dá para alterar o rumo"
Como tomar a vacina contra Coronavírus
Apartir do resultado certamente começara a distribuição das vacinas para todos estados e municípios do país, sigas as instruções para receber a vacina.
Todas as pessoas pode e devem a vacina contra a Coronavírus, mas existem grupos mais vulneráveis que devem ser priorizados e ter atenção redobrada com a prevenção. São eles:
Trabalhadores de saúde;
Povos indígenas;
Puérperas (mulheres até 45 dias após o parto);
Idosos (a partir dos 60 anos);
Professores;
Pessoas portadoras de doenças crônicas;
Outras categorias de risco clínico;
População privada de liberdade, incluindo adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medida socioeducativa, e funcionários do sistema prisional;
Gestantes;
Crianças de seis meses a seis anos (cinco anos, 11 meses e 29 dias).
É importante evitar os pronto-socorros e clínicas de vacinação lotados, pois o risco de contaminação é muito maior quando há aglomerações.